sexta-feira, 15 de novembro de 2013

PRINCESA E BRUXA
(pro Mario)


Um castelo na colina, uma estrada, dia.
Passa um príncipe.
Súbita vontade o faz apear e aliviar-se, nisso dando com uma lagartixa no muro, que lhe diz:
- Nesse castelo uma bruxa mantém prisioneira uma princesa.
O portão tem uma grossa corrente, o castelo entre árvores, acima.
O tempo não tá fácil para príncipes, vai bem uma princesa, mais ainda um castelo; pula logo.
Não é preciso contar quantas pequenas criaturas verdes ele tem de matar, para não lhe subirem pelas pernas e sugarem as forças.
Não há por que registrar que corvos lhe aparecem na frente e,
se não os derrubar, sugarão por cinco dos verdinhos.
Nem pensar em descrever as coisas que surgem do nada, capazes de chupá-lo até o vazio, ou citar as borboletas com moedas e os esquilos que trazem mertiolate.
Atrás de um cão com três maus hálitos está a porta, enorme e grossa e trancada, que, a um coice do príncipe frustrado, se abre toda.
Há, claro, um salão escuro e corredores e escadas, e não se fale de quantas teias pegajosas e tapetes escondendo buracos hediondos e portas para...
Duas mulheres, cada qual mais linda, num espelho mágico uma cara verde diz:
- Só há uma princesa; se escolheres a bruxa, os gatos vão jantar a parte mais importante do teu corpo. A porta da rua está aberta.
Foi-se o príncipe, olham o espelho, ele diz:
- A princesa ganhou outra vez; ele não achou que se tratasse de seu cérebro.

Desliga com os olhos o espelho, se dão um selinho e, de mãos dadas, vão andando para o quarto.